Carta do envelhecimento saudável para nós.
“Olá. Estou aí desde sempre e quero conversar com você. Tenho visto que é incontável o número de vezes que você leu que para envelhecer melhor precisa ter uma alimentação saudável e praticar exercícios, não é mesmo? Observei também que perdeu as contas das tentativas de mudar seu estilo de vida para envelhecer atendendo os dois requisitos acima, não foi? Pois é, eu não nego que o que leu é verdade, mas questiono: DE QUAL lugar você tem feito suas escolhas para caminhar por um envelhecimento saudável? Parou para pensar que em geral lemos as coisas como um conjunto de regras pra cumprir e, uma vez não cumpridas, seremos punidos? Temos que fazer ou queremos fazer? É uma obrigação ou um desejo? Com amor, envelhecimento saudável”.
Pessoas me procuram com seus laudos médicos e os mesmos anunciam que as coisas vão mal com a saúde. E mais, alertam para uma providência emergencial em relação a sua condição física. Então observo o quanto o medo, por vezes, vem nortear nossas vidas nessa hora. Medo de fraquejar. Medo de adoecer. Medo de depender. Medo de envelhecer.
Aprendi, nos últimos anos, o quanto ter medo é importante, pois é uma emoção que sentimos atreladas ao instinto de nos proteger. Contudo, aprendo, diariamente, que o problema reside no excesso de medo, bloqueando nossas ações em prol da saúde. Em estudos sobre essa emoção, encontrei uma reflexão a respeito que diz: “O medo não é só uma reação emocional, contendo crenças por trás. O medo não implica, portanto, uma natureza única e imutável. Trata-se de um sentimento construído historicamente, aprendido e ensinado de formas diferentes, dependendo da época”. (Luciana Oliveira dos Santos, 2011)
Me reporto aos diálogos que ouvia quando meus avós se referiam ao envelhecimento como uma fase com muitas dificuldades e que envelhecer não era bom. Uma vez não sendo bom, sentia-se muito medo de envelhecer. Atualmente, trabalhando com o corpo físico sob a óptica da saúde e bem-estar, ouço outros avós dialogando sob uma nova perspectiva em que o envelhecimento não é tido como fase de muitas dificuldades de antes e envelhecer pode ser bom uma vez que cuidamos de se alimentar bem e se manter em movimento. Ou seja, o medo, no caso de envelhecer, que permeava a vida das pessoas há quase 100 anos, é como citado acima, construído historicamente, aprendido e ensinado diferente em nossa época.
Sim, repito que é preciso repensar o que estamos comendo e buscar praticar atividades que façam o corpo se mexer. Se há medo de começar uma forma nova de se alimentar ou introduzir uma rotina de exercícios físicos na sua vida, se filie a profissionais competentes no assunto. Dessa forma, pode fazer aquilo que você lê na teoria se concretizar na prática. Vamos evitar a obrigação de ser saudável e sim nos convidar a ser saudável, experimentando novas situações, pois os medos dos nossos avós podem ser ressignificados em virtude da realidade da nossa época.
Envelhecer requer nossa permissão para a vida continuar a fim de que se possa desfrutar de todas as experiências que queremos viver. Cuidados com a nutrição e o movimento corporal vão dar disposição e energia para responder ao que deseja fazer na sua vida. E isso não deve ser um ato de obrigação com você, mas um ato de amor com você. A obrigação oprime. O amor acolhe. Ser obrigado a fazer algo, não há prazer. Há prazer se fazemos com amor. Que a voz que venha falar sobre o envelhecimento saudável, neste texto, seja do auto-amor e cuidados especiais com você e seu processo de envelhecimento. Com amor, Liliam.
*L.O.S. (2011) no texto “O medo como emoção”. Excertos do artigo “O medo contemporâneo: abordando suas diferentes dimensões” no blog Papeando com a Psicologia.