
A descoberta da resiliência normalmente acontece quando passamos por algo que realmente nos coloca à prova. Descobri a resiliência dentro de mim a partir do momento em que saí de casa (aos 15 anos) e percebi que precisaria enfrentar meus medos, angústias, receios, obstáculos, lesões, pressão, cobranças… e teria que enfrentar sozinha.
O ínicio
Todas as vezes em que me lesionei, a primeira coisa que vinha à minha cabeça era como superar. Dentre muitas, em 2004 perdi o que seria minha primeira Olimpíada, que aconteceu na cidade de Atenas, na Grécia. Foi uma experiência dura de encarar para uma menina tão jovem no auge da sua carreira. Lembro que, de toda a tristeza, frustração e impotência que senti, o sentimento mais forte dentro de mim era a resiliência. Sem pensar em desistir, tracei minha nova caminhada em busca de algo que eu tanto sonhava. Me dediquei duramente no tratamento e recuperação das minhas formas física e mental para alcançar meu objetivo.
Em 2005, um ano depois fui MVP no Grand Prix da Ásia pela seleção e ali eu percebi que tinha superado mais uma batalha. Mas o que ninguém sabia, me vendo jogando no mais alto nível, é que eu estava com 80% de ruptura dos tendões da fáscia plantar. Acordava mancando sem saber para qual lado eu jogaria o peso do meu corpo pois a lesão estava nos dois pés. Nesse período eu preparava minha mente para encarar o próximo dia de extrema dor sem me queixar ou desistir. Quando estava quase recuperada descobri que estava grávida. Foi um grande susto pois eu estava prevenida na época mas, novamente o que vinha aos meus pensamento era… como encarar.
Gravidez
Joguei até o 6o mês de gravidez pois sabia que teria tempo para cuidar dos pés quando eu parasse para ter minha filha. Mantive o foco mesmo gravida pois eu tinha como próximo objetivo o mundial no Japão no fim do ano. Com 24 dias de parto eu já estava treinando a todo vapor, sacrificando os primeiros meses de vida da minha filha mas me adaptando todos os dias aos novos desafios. Consegui ir ao mundial, mais um objetivo alcançado. Minha filha estava com 4 meses e passei 40 dias no Japão. Chorava todos os dias mas quando eu entrava em quadra, sentia um vulcão interno querendo fazer com que todo aquele esforço e sacrifício valessem à pena.
Superação
Em 2008 fui honrada com a primeira medalha de ouro olímpica em Pequim e ainda fui eleita MVP dos jogos pela primeira vez na história do Brasil. Essa é apenas uma das passagens da minha carreira e espero que fique claro que tudo o que almejamos enfrentaremos barreiras e provações mas o que importa é o dispositivo da resiliência que precisamos manter ativados dia após dia.Independente da sua carreira ou do tipo de objetivo que se traça, é importante sabermos que as dificuldades virão mas no fundo, todos temos uma força interior mais forte do que pensamos, a resiliência que precisamos para vencer todas as nossas batalhas.
Desejo uma chuva de Bliss em suas vidas… Acreditem em si mesmos!