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Dia: 19 de junho de 2020

VAMOS CONVERSAR SOBRE ANSIEDADE E DEPRESSÃO NO MOMENTO ATUAL QUE VIVEMOS?

O cotidiano em tempos de pandemia, proporciona para todos alguns graus de ansiedade e cada pessoa reage de diferentes formas à uma situação específica. Alguns indivíduos, possuem dificuldades ao enfrentarem problemas, ainda mais em situações de quarentena, e isso pode desencadear psicopatologias, como a depressão. Com isso, um tratamento não farmacológico para atenuar essas respostas do organismo é o exercício físico. Além de melhorar os níveis de serotonina, blinda o corpo de doenças metabólicas, como hipertensão e diabetes, que associadas com uma psicopatologia se tornam extremamente nocivas.
O nosso organismo reage de forma instintiva (cérebro reptiliano), em lutar ou fugir do estímulo, com isso, reações hormonais ocorrem no sistema endócrino levando o organismo à sintomas, às vezes, desconfortáveis e que pode gerar um quadro de ansiedade. Esse quadro pode perdurar por dias, meses ou até mesmo de forma crônica. O uso de substâncias psicotrópicas também pode influenciar nesse quadro, como: álcool, drogas, cafeína, nicotina, entre outras. Alguns sintomas precedem esses quadros psicológicos, por exemplo, preocupação excessiva e dificuldade de controlá-la, fadiga, dificuldade de concentração, irritabilidade, insônia, tensão muscular e complicações gastrointestinais. Contudo, traumas psicológicos podem ocasionar alterações fisiológicas e comportamentais em indivíduos.
A depressão está associada a integração social e problemas financeiros, por exemplo, podendo surgir em fases precoces da vida, e ter quadros reincidentes ou até mesmo crônicos. Deste modo, comorbidades (doenças cardiovasculares e diabetes) podem ter maior probabilidade de afetar indivíduos em maior grau da psicopatologia. Os indivíduos depressivos têm uma redução fisiológica de até 15% na área hipocampal (responsável pela memória e emoções), reduzindo valores de neurônios, dentritos e da neurogênese (criação de novas células cerebrais), responsável pelo desenvolvimento da depressão. As características dessa patologia são tristeza, incapacidade de sentir prazer, sentimento de culpa, redução de energia, do sono, do apetite e da concentração, dores exacerbadas a partir de tensões musculares.
Os sistemas adrenais e límbicos, responsáveis por regular os níveis de cortisol e controle das emoções/comportamentos sociais respectivamente, aumentam a produção de cortisol no organismo alterando funções vitais para manutenção das emoções em relação aos estímulos que os indivíduos são expostos. Com isso, a diminuição de serotonina (humor e bem estar) nas sinapses, prejudicam o sistema cardiovascular, funções motoras, resposta imune, desenvolvimento ósseo e agregação plaquetária.
Então, como o exercício físico pode evitar/atenuar esses quadros psicológicos? Existe uma relação direta da redução do percentual de gordura e a massa corporal com concentrações plasmáticas de serotonina. Isso ocorre devido a lipólise, uma vez que aumentam a concentração plasmática de ácidos graxos livres, células de gordura utilizadas como energia em exercícios aeróbicos de média/longa duração. Essas células desprendem a albumina do triptofano, e consequentemente, estimula o aumento da quantidade de triptofano livre (Tr-1), responsável pela síntese da serotonina. Quando o músculo é exercitado, a substância concorrente do Tr-1, o aminoácido de cadeia ramificada (AACR), é reduzido na concentração plasmática ao ultrapassar a barreira hematoencefálica, aumentando a proporcionalidade entre o Tr-1/AACR. Desta forma, com maior nível central de triptofanos livres, os níveis de serotonina são ampliados, assim como a sensação de bem estar e bom humor.
Muitos estudos demonstram que exercícios aeróbicos e de força, individualizados e supervisionados de forma continuada por no mínimo de dez semanas com três sessões semanais de quarenta a sessenta minutos de duração, com intensidades de média para alta, aumentam a oxigenação do córtex cerebral, regulam o sistema adrenal e diminuem o cortisol. Além do mais, há um aumento do fator neurotrófico, derivado do cérebro (BDNF), responsável pela cognição do indivíduo, e a neurogênese, que faz com que diminua as citocinas pró-inflamatórias. Em vista disso, o exercício físico melhora a funcionalidade do corpo e evita doenças metabólicas que são responsáveis por agravar quadros depressivos.
Para concluir, atualmente, com a pandemia impedindo atividades profissionais e de lazer, aumenta o nível de estresse na população, isso gera um quadro de ansiedade e até depressivo. Com isso, o sedentarismo associado ao alto consumo calórico, de álcool, nicotina e até drogas agrava o estado psicológico. Nesse caso, doenças metabólicas e neurodegenerativas criam um cenário favorável para psicopatologias. Os sintomas produzidos por essa condição são nocivos ao organismo, isso torna o exercício físico um tratamento não farmacológico tão importante quanto outras terapias.
Sabe-se que essa terapia não farmacológica possui efeitos positivos em quadros psicopatológicos e fisiológicos. Os efeitos gerados pelo exercício físico de diminuição do percentual de gordura e massa corporal, de regular os níveis de cortisol, da criação de novas células cerebrais, do aumento nos níveis de serotonina, da melhora dos níveis glicêmico e de pressão arterial vão melhorar ou atenuar os sintomas das doenças psicopatológicas e metabólicas. O treinamento de força combinado com exercícios aeróbicos de média/longa duração demonstrou uma redução nos sintomas de ansiedade e depressão. Com isso, a prescrição do treinamento precisa ser individualizada e supervisionada por um profissional de educação física capacitado, sugerindo uma frequência de, em média, 3 vezes por semana, com duração entre 40 a 60 minutos, que trabalhe em intensidades de moderada a alta, tanto no treino resistido quanto no treino cardiovascular, levando em consideração a capacidade individual de cada cliente/aluno.
O melhor remédio é a prevenção, e o exercício físico é um excelente tratamento sem efeitos colaterais negativos, quando bem elaborado.