Quantos de nós somos pegos dizendo “não tenho mais idade pra isso”? É só nos convidar ou colocar algo novo ou inusitado para fazermos que essa frase já aparece estampada com letras garrafais, em neon, como auto defesa pra se livrar daquilo, não é mesmo? O nosso corpo, na sua própria inteligência, detecta o desafio da atividade proposta e emite sinais que comunicam, em algum grau, o que damos e o que não damos conta de fazer.
Algumas alunas vovós contam que adoram brincar com os netos, mas quando eles pedem pra elas abaixarem, por exemplo, umas fazem porque estão praticando exercícios e outras não fazem por ter perdido a função do movimento e o corpo avisa que se fizer aquilo, não vai ser bom. E é isso mesmo!
Antes da gente, o corpo sabe das coisas. Se ficar 10, 20, 30 anos sem fazer algo, quando quiser fazer, não vai ser apenas difícil. Pode também machucar. Porém, se começar a fazer, respeitando os limites do corpo que começa a se movimentar, conseguirá fazer. É como o filósofo grego Aristóteles, 300 a.C, já dizia: “Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito.”
É verdade que se levamos uma vida que nosso corpo não ganha atenção com cuidados básicos de alimentação e atividade física, qualquer convite que saia da rotina já causa desconforto natural. Por isso é tão importante desenvolver conhecimento do corpo, que sim, deveria ter vindo da escola clássica no conteúdo de educação física, mas que mesmo com esse conteúdo, se estacionamos o cuidado com o corpo depois da fase escolar, perdemos a conexão com a casa que habitamos e não sabemos mais o que há dentro dela.
Se comparamos o corpo à nossa casa, vale lembrar que ele nasceu com a estrutura toda pronta. O corpo nasceu pronto, com todas funções disponíveis para uso. A mobília e a decoração fica por conta das escolhas que fazemos. Ocorre que, se abandonamos a casa, a poeira toma conta e impede que a mesma tenha vida e estórias pra contar. Limpar e cuidar da casa não tem hora certa pra começar. Limpar e cuidar do corpo, também não. Então o convite é co-me-çar.
Idade cronológica e idade biológica não coincidem se fazemos o cuidado da casa. É o cuidado que está em jogo e não a idade. É natural que a idade coloca limites ao processo do corpo, mas é preciso considerar que, em nossa cabeça, colocamos esse limite antes do próprio corpo.
Por isso, se a vida convida para brincar com filhos e netos, conhecer lugares novos, tocar um instrumento, passear com a família, dançar, escrever um livro ou descobrir um esporte diferente, experimente começar! A melhor idade é o hoje.