No Brasil, não faltam bons exemplos de empresas que oferecem as tais salas pequenas e faturam grande. Sem imaginar que um dia essa moda pegaria e viraria tendência de mercado, há quase duas décadas, Luciano Lunkes opera, em Brasília, a microgym Bliss.

 

“Quando iniciamos, não havia referência de um modelo desses no Brasil. Estudamos mercados mais maduros e foi preciso  pesquisar que nichos existiam para serem explorados e quais as necessidades específicas desse público. Identificamos um número considerável de pessoas que não se sentiam confortáveis nas academias tradicionais. Muitas pessoas indicavam que não se  sentiam amparadas, por não enxergarem um trabalho e uma orientação profissional específica para elas. Então, há vinte anos,  começamos a empresa com a proposta de atender esse nicho específico, em um formato de microacademia, e fomos aperfeiçoando  esse modelo no dia a dia, ao longo desses anos”. Nadando de braçada, mas, na época, na contramão no mercado brasileiro, Lunkes optou por ser também uma empresa de formação de profissionais. “Entendemos já no início das operações que era preciso qualificar e desenvolver competências técnicas e comportamentais nas pessoas da nossa equipe, para que elas tivessem a capacidade de entender que o público dessa nossa proposta tem uma demanda  específica e requer um atendimento mais cuidadoso e personalizado. Isso era final da década de 90, e os exemplos de  micro altamente especializadas eram de outros países ou de outros mercados. Os consultores que trouxemos para falar sobre esse modelo não eram do fitness. A partir daí, desenvolvemos não só um time especializado, mas também uma metodologia própria,  voltados para esse público que não está preocupado com resultados estéticos extremos”.

 

Segundo o empresário de Brasília, o  público da Bliss tem um perfil mais maduro, geralmente já trabalha e tem filhos, com disponibilidade apenas de três horas por  semana para praticar atividade física e está na faixa etária acima dos 40. “Mais de 70% dos nossos clientes têm entre 35 e 60 anos. A média é de 45 anos. É um público que busca amenizar as dores comuns à idade, aumentar a disposição, sem atrapalhar o tempo de descanso, lazer e de curtir a família.

Boa parte das pessoas que chegam à Bliss tem como objetivo poder voltar a brincar com os filhos, porque se sentem limitados, em termos de movimentos. Por isso, nossa metodologia foi desenvolvida para atender de forma  bem individualizada, cada cliente. Oferecemos dois serviços: o Exclusive, de um pra um – indicado para quem tem um quadro de  restrição e precisa de mais dedicação do nosso profissional, e o Platinum, em que um profissional acompanha um grupo de no  máximo quatro pessoas, por hora, e cada um tem seu programa de treino específico. É um serviço extremamente personalizado, que inclui técnicas de inputs neurais, correção de padrões de movimento, melhoria de mobilidade e de estabilidade das articulações,  para depois progredir em direção a um treinamento que envolva potência, força e resistência. Somos uma empresa de nicho, altamente especializada”, acrescentou Lunkes.

 

Sobre o comportamento da indústria nacional de fitness, Lunkes aposta em um movimento com o sucesso de dois principais modelos. “Chegamos a um ponto de maturidade do nosso setor que permite que esse modelo de negócio de micros cresça cada vez mais. Muito desse cenário deve-se ao amadurecimento do mercado consumidor, que tem procurado por serviços mais exclusivos e alternativos aos sistemas convencionais. Também considero que o Brasil está chegando em um ponto que já foi experimentado por mercados do exterior: temos as empresas de fitness que vão brigar por preço – oferecendo um modelo de produto e serviço padronizado, e as low-cost já mostraram que operam em um modelo extremamente viável – e do outro lado aquelas que são especializadas e conseguem entregar uma experiência num nível  diferenciado. Quem conseguir se capacitar para atender de forma mais nichada tende a se manter no mercado, porque os clientes percebem valor nesse serviço especializado”, finalizou Luciano Lunkes.

 

Microgyms – Será esse o futuro do fitness?

Postado por:  Revista ACAD Brasil, em maio de 2019.