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Overtraining: o excesso de treinamento físico e seus sintomas

Altas cargas de treinamento são essenciais para o aumento da performance. Entretanto, quando os níveis da carga de treinamento ultrapassam a capacidade de adaptação do organismo, a performance pode diminuir e alguns outros problemas podem ocorrer, entre eles, o Overtraining.

A busca pela estética a todo custo somada a uma pressão social para o alcance dos padrões de beleza estipulados atualmente tem levado as pessoas a buscarem, por meio do exercício físico, redução do percentual de gordura e peso corporal, aumento da massa muscular, além do tradicional condicionamento aeróbio. Isso faz com que se excedam os limites das suas capacidades físicas e psicológicas frente ao desafio de enfrentar cargas exageradas de treinamento aliadas a períodos insuficientes de recuperação. Portanto, é importante que você procure um profissional que entenda os sintomas, causas e estratégias de tratamento e prevenção desse fenômeno.

Definição

O Overtraining pode ser definido como o desequilíbrio entre o estresse gerado por situações no treino e fora dele e a recuperação necessária para que este estresse diminua. Os sintomas devem ser continuamente monitorados e as variáveis de treinamento devem ser ajustados assim que começam a aparecer. Entretanto, como o Overtraining é resultado do desequilíbrio entre a recuperação e o estresse, não somente a carga de treinamento deve ser monitorada e ajustada, mas também fatores estressantes em geral. O Overtraining pode ser classificado como crônico (Overtraining), ou agudo (Overreaching) e é resultado de um acúmulo crescente de fadiga, que se inicia com uma única sessão de treinamento. À medida que o desequilíbrio entre o estresse e a recuperação persiste, o estado de Overreaching é instalado e finalmente, o Overtraining. O Overreaching dura poucos dias a 2 semanas. Já, o Overtraining pode durar de semanas a meses.

Tipos de Overtraining

O Overtraining também pode ser classificado como simpático e parassimpático. O tipo simpático, caracterizado por um estado hiperadrenérgico ou de hiperfunção da tireoide. Já o tipo parassimpático, caracterizado pela predominância do tônus vagal ou por insuficiência adrenal. A principal diferença entre as duas formas é que no tipo simpático, o indivíduo apresenta excitação e irritabilidade. No tipo parassimpático, apatia e depressão.

Diagnóstico

Dois pontos são imprescindíveis no momento de se identificar o Overtraining e devem ser levados em consideração pelo treinador:

  1. Estado de Humor: avaliar este critério é fundamental para o diagnóstico precoce. A diminuição do vigor físico, o aumento da tensão, sinais de depressão, raiva ou irritabilidade excessiva, fadiga extrema e confusão mental são alguns dos itens que devem ter atenção.
  2. Níveis de Estresse Físico/Mental: estar atento ao nível de estresse durante a sessão de treino, realizar perguntas a respeito da rotina diária e analisar a capacidade de seguir estratégias recuperativas fora do ambiente do treinamento (lazer), influenciam na identificação.
  3. Diminuição do Desempenho: este é considerado o “padrão ouro” para se identificar o Overtraining.  Se as variáveis de desempenho estiverem diminuindo sem nenhuma patologia diagnosticada, é muito possível que o processo já esteja instaurado.

Tratamento

Ao ser diagnosticado, as estratégias de recuperação devem ser utilizadas prontamente para que o processo seja revertido o quanto antes. O processo de recuperação não é apenas físico, mas psicológico e social, logo, é de extrema importância que ambos os âmbitos sejam abordados no processo de recuperação. Veja abaixo o que deve ser feito:

Em estágios iniciais/casos leves:

  1. Redução das cargas de treinamento
  2. Mudança no tipo de atividade (fazer jogos recreativos ou praticar outra modalidade esportiva)
  3. Técnicas de relaxamento corporal (massagens em geral) 

Em estágios avançados/casos graves:

  1. Repouso completo
  2. Alteração no cotidiano (viagens ou afastamento do local do treino)
  3. Técnicas psico-regulativas (treinamento mental)
  4. Tratamento medicamentoso (anti-depressivos)

Prevenção

Mais efetivo do que tratar é evitar que ele aconteça. Para isso é importante que se tome alguns cuidados necessários para que o treinamento alcance o seu propósito de proporcionar os resultados esperados, seja seguro e não cause um estresse maior do que a capacidade de adaptação dos sistemas do corpo. São eles:

  1. Estabelecer metas conservadoras e compatíveis com a aptidão física atual
  2. Manter uma comunicação próxima e efetiva entre treinador e cliente
  3. Desenvolvimento de capacidades de auto regulação como relaxamento, mentalização e auto conversa positiva;
  4. Controle das emoções que envolvem o treinamento e/ou frustrações por não alcançar os resultados a todo custo, antes do tempo necessário
  5. Manutenção de uma boa condição física para gerar mais autoconfiança e, consequentemente, a possibilidade de superar situações estressantes no dia-a-dia;
  6. Manter uma dieta equilibrada com larga variedade de nutrientes;
  7. Evitar situações estressantes fora do ambiente do treinamento: conflitos familiares, pressões no trabalho, excesso ou viagens muito longas,
  8. Em momentos da periodização que possuem uma alta intensidade, analisar a condição física para ser compatível com o estímulo a ser realizado

A ausência de diretrizes seguras e embasadas cientificamente no treinamento é um fator de risco enorme favorável ao surgimento do Overtraining. Um programa de treino que faça um levantamento de dados minucioso possui uma maior chance de ser assertivo para a sua condição física. Pessoas extremamente motivadas são mais suscetíveis a desenvolver o Overtraining. Essas pessoas constantemente treinam no limite e ignoram os períodos de recuperação a fim de alcançar resultados mais rápido. Treinar forte é fundamental para se alcançar resultados, porém, vale destacar que os períodos de recuperação devem ser respeitados e serão a diferença entre alcançar ou não os objetivos almejados.


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