O pé é a parte do corpo que sustenta todo o nosso peso e faz parte importante do sistema locomotor por enviar ao nosso cérebro uma série de informações necessárias para manutenção da postura e ajustes durante os movimentos.

É uma estrutura que possui 26 ossos, 33 articulações, 20 músculos e 114 ligamentos, ele pode ser compreendido em três partes: Tarso (parte que tem ligação direta com os ossos da perna), Metatarso (parte do meio do pé) e as falanges dos dedos dos pés.
Na sola do pé temos o arco plantar, que é composto pelo arco longitudinal e arco transversal. A função desse arco é absorver impacto e nos permitir andar em diferentes terrenos, também ajuda com a distribuição de peso do nosso próprio corpo e cria uma alavanca para impulsionar o corpo enquanto anda. A força e integridade do arco afeta significantemente a maneira com que o pé e o tornozelo trabalham juntos para sustentar o peso do nosso corpo.

Com o advento da tecnologia e do tênis, muitas pessoas usam tênis com a sola bastante alta e que deixam os dedos bem restringidos, o que deixa o pé “engessado”, limitando os movimentos dos dedos e do arco plantar. Estes tênis funcionam como uma espécie de “muleta”, ou seja, você acaba dando a este objeto todas as atribuições e funções primordiais, as quais o seu pé foi projetado, e que poderia fazer sem este objeto. Logo, seu pé fica fraco e disfuncional.

Uma vida inteira usando estes tênis com alto poder de absorção de impacto pode prejudicar a saúde do nosso pé e consequentemente de outras articulações e segmentos do nosso corpo. De acordo com a lei do uso e desuso: se os músculos, tendões e ligamentos do pé não estão sendo usados, eles ficam fracos e perdem grande parte da sua capacidade funcional, o que pode resultar em dores nos pés, tornozelos, joelhos, e problemas posturais.

Às vezes, uma dor no joelho pode ser causada não por que o joelho em si está fraco, mas por causa do pé que não está fortalecido o suficiente para fazer seu trabalho sozinho, então os tornozelos e joelhos acabam absorvendo parte do impacto que o pé deveria absorver e consequentemente ocorrem as lesões e problemas crônicos. Por exemplo: Agachar com pés e tornozelos fracos contribui para desvios mecânicos nos joelhos e quadris, que consequentemente pode afetar até a posição da coluna vertebral, o que pode ser associado com dor na lombar, ombros, pescoço e fraqueza das extremidades superiores.

Quando treinamos descalços estamos com todos os receptores neurais ativados, o estímulo proprioceptivo do pé com o solo é muito maior, pelo fato de se estar descalço, no agachamento, por exemplo, temos mais equilíbrio e uma maior mobilidade do tornozelo, permitindo maior dorsiflexão e gerando menos sobrecarga no joelho. Treinar descalço fortalece os músculos dos pés, fazendo com que ele possa absorver mais impacto e assim gerando menos impacto nas articulações subsequentes, diminuindo o risco de lesão em outras articulações. No treino descalço podemos usar o arco plantar, os dedos para “agarrar o chão” melhorando o equilíbrio e efetividade dos movimentos.

Todavia, não precisa ser radical e abandonar os tênis e calçados, até por que para isso, também, deve haver um trabalho de adaptação e de preferência com supervisão de um profissional de Educação Física, pode-se ir optando e mudando aos poucos para tênis e calçados mais minimalistas, que sejam mais flexíveis e permita que os dedos, arco plantar possam ser usados nos movimentos, assim, aos poucos o pé vai recuperando sua funcionalidade.

Podemos concluir, então, que dentre os benefícios de se treinar descalço estão:
• melhora no equilíbrio,
• melhora da consciência corporal e propriocepção,
• melhora na postura,
• melhora na absorção de impacto,
• melhora nos padrões de movimento e consequentemente diminuição do risco de lesão e
dores articulares no próprio pé e nas articulações subsequentes.

Texto: Daniel Pacheco