Outro dia, estava em um evento com empresários de Brasília, e alguns deles mais chegados vieram tirar um sarro comigo porque eles só viam fotos minhas em viagem com uma taça de vinho a mão. Alguns até me questionaram se era coerente um personal trainer, proprietário de uma empresa do setor de fitness beber?

Achei aquele questionamento ao mesmo tempo engraçado e de alguma forma preconceituoso, afinal estaríamos falando daquele estereótipo de professor da “maromba”, da dieta da batata doce, do tapeware com frango e macarrão sem molho.

Minha resposta para eles foi que fazer atividade física para obter saúde não significa deixar de comer uma comida gostosa, no meu caso que sou filho de gaúcho, por exemplo um belo churrasco ou mesmo apreciar um bom vinho. Até porque o conceito de saúde é muito mais amplo que o conceito de aptidão física e no final das contas a atividade física é só mais um meio, importante, de se viver uma vida saudável.

A mais ou menos dois anos saiu na imprensa um estudo da Universidade de Alberta no Canadá afirmando que uma taça de vinho tinto tem efeitos equivalentes no corpo ao que se obtém em uma hora de academia, devido as altas quantidades resveratrol na bebida. Ainda segundo o estudo haveria o aumento da força muscular. Pronto, já estou até ouvindo um grupo de amigos meus celebrando e dizendo “tá vendo é só tomar umas duas taças por dia que vou ficar em forma, tão forte quanto o Stallone”.

Para o azar desses meus amigos o estudo aponta que estes resultados do resveratrol podem simular um exercício ou potencializar os benefícios de alguma atividade para pessoas com restrição física. Ou seja, nada substitui o bom treinamento, pois treinar bem significa fazer seu corpo mais saudável e eficiente para poder aproveitar a vida.

Sendo assim, um brinde aos meus amigos com uma bela taça de vinho e bons treinos. Afinal a vida é para ser vivida na sua plenitude, não é?

 

(Luciano Lunkes é “diretor de enologia” na ATP)