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Dia: 11 de maio de 2017

SÓ DÓI QUANDO EU RESPIRO

Você sente dor e toma remédio. Passa. Até quando? Você marca consulta com um médico e, como remédio, ele te manda para academia pra fazer exercícios para fortalecer. E aí bate o desânimo: fazer exercícios, encontrar com pessoas saradas, lindas, bem resolvidas. Quem disse?

Tenho recebido diversas pessoas com quadro de dor. Nunca antes “na história desse mundo”, viu-se tantas pessoas procurando fazer exercícios não mais por estética, mas para se livrar de dor. Dor no ombro, no pescoço, no joelho, nas costas e na tão rainha de todas as dores: a dor lombar. Quem nunca?

Horas sentados, dias a fios nas mesmas posturas corporais, você acha mesmo que o corpo não vai reclamar? Quem é que gosta de ficar fazendo as mesmas coisas dos mesmos jeitos? Se você não gosta, o corpo também não! E ele fala. E quando não escutamos, ele grita. Grita por meio da dor. A dor é a manifestação maior de que algo não vai bem. E ainda bem que ela existe, pois sem ela não prolongaríamos a vida.

E há quem se acostume a sentir dor, continuamente, e ache normal. E aí, uma charge do Ziraldo que li certa vez numa das folhas do legendário “O Pasquim” (Antologia, volume 1: 1969-1971) me vem à mente. “Só dói quando eu Rio”. A frase, de inúmeros efeitos metafóricos, refere ao retrato debochado que o cartunista escreveu no período dos “Anos de Chumbo” no Brasil. Incomodado, partiu para o combate às dores, no caso, do corpo social, com sua ferramenta de humor. Aquela dor não foi tida como normal. Da mesma forma, as dores do nosso próprio corpo também não deve ser tida como normal caso ela seja insistente e venha nos adoecer.

Sei que pra quem não gosta da idéia de fazer exercícios é, por vezes, mais “fácil” aceitar a dor e pronto. É preciso combater, de alguma forma, a dor que insiste. Importante evitar de que ela venha ocupar outras regiões do corpo, afetar mais áreas e te levar a nocault, tirando sua alegria de viver. Se incomodar com isso e partir para o combate, com suas ferramentas, seja elas quais forem, é o caminho de escrever histórias sem dor.

É preciso buscar formas de vivermos bem. Tomar água, sol, se alimentar, se movimentar e dormir são elementos básicos da vida. Se negligenciamos isso, a dor será um sinalizador de que a saúde precisa de cuidados. Relutar em mudar hábitos que não contemple cuidar do básico da vida só vai piorar o quadro de dor. A vida vale mais a pena se soubermos acolher e cuidar da dor. Só dói se descuidarmos.

JUNTOS VAMOS MAIS LONGE

É verdade sim que muitas das vezes é preciso fazer o caminho da suas conquistas sozinho. Afinal, o desejo é seu. O sonho de construir algo que faça sentido pra você lhe pertence. Mas já pensou em compartilhar seu desejo ou sonho com as pessoas?

Muitas me procuram dizendo: “Então…eu não tenho tempo pra exercícios…”, “eu não gosto de fazer exercício físico…”, “estou aqui porque o médico mandou…”, “a dor nas costas me obriga a fazer atividade física…”. E sim, é verdade que eu as escuto como pessoas que precisam compartilhar a dificuldade com alguém que ofereça um degrau na escalada rumo a realização do seu desejo, ou seja, arranjar tempo pra fazer exercício, adquirir gosto pela prática de exercício, fazer exercício sem ninguém obrigar ou fazer exercício sem o corpo chorar de dor.

Ter o hábito de praticar exercício não é bicho de sete cabeças. Como qualquer hábito, admito, é difícil implementar. Porém, se sentimos o benefício no corpo e no bem estar diário, não tenha dúvida que vai encontrar uma forma de praticar exercícios na sua vida. Talvez não consiga de primeira. Mas se começar do simples, uma vez na semana e for progredindo para duas vezes, já eliminará o sedentarismo, hoje, o maior vilão das doenças que mais matam no mundo.

Se a dificuldade for tempo, vamos considerar o exemplo de cima. Se exercitando de uma a duas vezes por semana por 1 hora, num período de 30 dias, que equivale a 720 horas, você inseriu de 4 a 8 horas no mesmo período pra se exercitar. Há tempo? Se a dificuldade é não gostar, precisa começar por algo que lhe dê prazer. Com esse elemento, não se sente atraído por alguma atividade? Se foi porque o médico mandou, receba a orientação como um alerta pra deixar seus dias melhores de se viver. Sim, muito melhores! Exercícios realizados com orientação adequada em 1 hora do dia, lhe dão bem estar nas próximas 48 horas. Vale a pena? E se for a dor nas costas que cutucou você pra fazer exercícios, agradeça seu corpo que pede pra você cuidar dele, pois, por algum motivo, descuidou. Agora pense, é possível inserir exercícios na sua vida?

Sozinho, você pode tentar. Mas com as dificuldades, certamente pode vir a desistência e o fracasso. Educadores físicos e fisioterapeutas têm colaborado muito com as pessoas que têm buscado vencer suas dificuldades. E ficamos deveras felizes quando participamos dessa empreita, pois essa é nossa missão: fazer você vencer as dificuldades de ter um estilo de vida melhor pra você a partir do movimento.

Dê o seu primeiro passo. Conte conosco. Juntos vamos mais longe.

 


ENVELHECER É PERMITIR A VIDA

Todos os dias me deparo com a angústia do idoso, ou seja, a culpa de envelhecer. A sociedade moderna, na velocidade da tecnologia e da informação, atropela o fato, inexorável, das limitações decorrentes do envelhecimento e o impacto que elas causam na vida de TODOS os seres humanos. E essa mesma sociedade, cobra do idoso que não esqueça, pune-o por esquecer e culpa-o por ter esquecido.

Envelhecer é um processo natural da vida e é sim uma etapa com diversas limitações que os mais jovens, por vezes, não se dão conta. Há limites na memória que falham conexões cerebrais, limites nos movimentos do dia-dia que tornam a caminhada mais lenta e limites nas funções vitais deixando a rotina das atividades diárias incômodas e constrangedoras. Tudo isso sem estar sob nosso controle.

Por mais prevenção que se pratique, o envelhecer é um fato e, envelhecer com saúde, requer de nós aceitarmos o fato. Construir a aceitação desse processo não é fácil, mas se levamos em conta a perspectiva do óbvio não ficamos presos às ilusões de juventude eterna que torturam e nos fazem ir na contramão da prevenção, da saúde e da real qualidade de vida.

Infelizmente a nossa sociedade insiste no discurso de negar o envelhecimento e vejo as pessoas ficarem malucas e, por vezes, doentes, evitando o inevitável. Entenda. Não falo de entregar os pontos. Falo de aceitar os pontos. Não falo de não cuidar disso. Falo de não pirar com isso.

Ao envelhecermos, limitações do sistema orgânico, tanto mental como corporal, deprimem a vida. E não é pra menos. Muito triste não lembrar de coisas que lembrávamos antes. Triste também não fazer as coisas como um dia fizemos antes.

Por isso, para quem envelhece, não nos enganemos. Estamos envelhecendo desde o início da nossa gestação. Se estamos envelhecendo é porque estamos vivos. E vivos gozamos de vida. Envelhecer requer nossa permissão. Permissão para a vida continuar.

Permita-se viver. Permita-se continuar.

A vida acontece e vale cada segundo.

 

(Artigo dedicado aos nossos membros idosos em respeito à sua história, para que acreditem que TODOS os dias valer ser vividos. Admiramos cada um de vocês).

O que você quer quando se exercita?

Essa é uma pergunta que parece muito simples de responder. Obviamente, pensamos todos, nos exercitamos para ter mais saúde ou para perder a barriguinha. Mas o que não é tão óbvio assim é o real motivo que está por trás, escondido e invisível, mas que, contudo, é o senhor das nossas ações.

Nossas experiências sociais com nossos amigos, familiares, colegas de trabalho, namoradas e namorados, esposas e maridos e com a gente mesmo nos faz definir emoções em relações a certos assuntos. Existem pessoas que não se sentem confortáveis em falar em público ou aqueles que não se sentem bem em ir ao clube e ficar sem camisa ou até mesmo aqueles que tem medo de entrar em um relacionamento por ter medo de intimidade.

Isso tem a ver não só com timidez, mas também com alguma experiência que foi vivida ou assistida que deixou um sentimento ruim relacionado a essa situação. O problema é que essas emoções vão criando barreiras muito grandes que, se não forem transpassadas, podem gerar um grau de influência muito grande em nosso dia-a-dia. Esse fator está totalmente atrelado a como nos enxergamos e a como imaginamos que as outras pessoas nos enxergam. Se eu não me enxergo como pessoa bela, vistosa, com muitas qualidades e pontos positivos, eu não vou conseguir me expor em momento nenhum por imaginar que assim as outras pessoas também me enxergam.

Uma forma de combater esse tipo de visão é trabalhando o aspecto físico – e aqui voltamos ao início do texto – para perder a barriguinha e ficar mais musculoso. Mas isso não é o objetivo final. A melhor estética nada mais é do que um meio de alcançar a autoconfiança que todos queremos. Essa confiança que nos permitirá viver com mais prazer, se importando menos com o que os outros pensam a nosso respeito, nos relacionando bem e nos sentindo bem com o nosso corpo.

Um dos grandes benefícios de ser uma pessoa fisicamente ativa é a transformação da maneira como nos relacionamos com o nosso corpo, nos tornando pessoas mais felizes por nos sentirmos bem dentro da gente mesmo, sem a necessidade de aprovação social. Ser autoconfiante, se enxergar como pessoa bonita e desejada não tem a ver com ter barriga de tanquinho ou a bunda durinha, mas sim tem a ver com a reconstrução da nossa autoimagem fora dos paradigmas e rótulos traçados pela sociedade.

Se apresentar em público, ir ao clube ou entrar de cabeça em um relacionamento são resultado de uma libertação do medo de julgamentos alheios a respeito de quem somos, nos bastando única e exclusivamente a opinião daqueles que amamos e que consideramos serem dignos de nossa escuta e preocupação.

Portanto, procure no âmago do seu desejo qual o real motivo de se exercitar. O que realmente te motiva? Qual a força que te move? Qual o propósito disso? Garanto a você que, ao encontra-lo, qualquer exercício, ginástica ou atividade física ficará mais prazerosa porque você sabe exatamente aonde quer chegar e vê no processo algo que te trará o resultado esperado.

NO PLEASURE, NO GAIN.

A eterna frase NO pain NO gain assombra a grande maioria das pessoas que pretendem praticar atividades físicas regulares, com uma orientação profissional e adequada. Muitos não conseguem se enquadrar nas propostas de treino que existem no mercado e não ache que você é minoria, atualmente apenas 5% da população brasileira pratica atividades físicas regulares sob orientação.

Talvez você seja uma dessas pessoas que já se aventuraram em academias ou estúdios, se matriculou, fez a famigerada avaliação e foi fazer seu primeiro treino, tudo isso animado, decidido: “Agora vai! Vou mudar minha vida, vou entrar em forma, afinal todo mundo fala que é importante fazer exercícios para ter saúde”. No outro dia… você tenta levantar da cama e seu corpo se recusa a responder, aos poucos você percebe que tem uma parte do seu corpo que não dói, o cabelo”. É nessa hora que muitos se questionam se foram “feitos” para fazer exercícios e para piorar a resposta que acabam recebendo é que isso é “normal”.

Talvez você não tenha tido essa coragem toda, pois só de ver as modalidades oferecidas suas costas, joelhos ou ombros já doem. A impressão é que este treino foi feito para o Stallone ou para te transformar no Stallone ou em uma Paniquete. A questão é: não é isto que você quer.

Conclusão: se não doer, se não for o treino do “Rocky Balboa” não tem resultado, logo nem vale a pena começar.

Nossa sociedade criou um paradigma que tudo na vida tem que ser sofrido, sem sofrimento não tem resultado. Porém, está mais do que comprovado que realmente só fazemos algo bem e consequentemente temos bons resultados nas atividades que nos dão prazer e as coisas que nos dão prazer facilitam que alcancemos os resultados desejados. Mesmo porque, para ter resultado em alguma coisa é preciso dedicação, paciência e saber lidar com algumas frustações, imagine fazer isso sem prazer é ‘too much pain’, não acha?

Não se desespere! Existe o método ATP – Advanced Training Program. Ter prazer não é tão difícil, basta que você:

  • Avalie se a proposta de treino ou modalidade te agrada de verdade ou se você está fazendo porque está na “moda”;
  • Respeite seu limite. Não faça porque todo mundo está fazendo, você não tem que provar nada para ninguém, lembre-se: você quer ter saúde, disposição e não ser o Stallone ou a Paniquete;
  • Busque um ambiente em que você se sinta bem. Você está tentando incorporar um novo hábito e isso não é fácil, por isso é importante que você se sinta bem no local e se sinta apoiado pelo (s) profissional (is) que irá (ão) te atender;
  • Tenha paciência, nosso organismo tem um tempo para se adaptar, se você está parado há muito tempo ou já tem dores ou alguma patologia ele irá precisar de um pouco mais de tempo para entrar em um ritmo mais natural de treino;
  • E não esqueça, há duas décadas eu acredito que: “NO PLEASURE, NO GAIN”. Divirta-se! O seu treino precisa ser um momento de prazer e não de sofrimento, combinado?

Luciano Lunkes, é diretor de felicidade na ATP.

Treino da semana: Três séries de Cabernet Sauvignon

Outro dia, estava em um evento com empresários de Brasília, e alguns deles mais chegados vieram tirar um sarro comigo porque eles só viam fotos minhas em viagem com uma taça de vinho a mão. Alguns até me questionaram se era coerente um personal trainer, proprietário de uma empresa do setor de fitness beber?

Achei aquele questionamento ao mesmo tempo engraçado e de alguma forma preconceituoso, afinal estaríamos falando daquele estereótipo de professor da “maromba”, da dieta da batata doce, do tapeware com frango e macarrão sem molho.

Minha resposta para eles foi que fazer atividade física para obter saúde não significa deixar de comer uma comida gostosa, no meu caso que sou filho de gaúcho, por exemplo um belo churrasco ou mesmo apreciar um bom vinho. Até porque o conceito de saúde é muito mais amplo que o conceito de aptidão física e no final das contas a atividade física é só mais um meio, importante, de se viver uma vida saudável.

A mais ou menos dois anos saiu na imprensa um estudo da Universidade de Alberta no Canadá afirmando que uma taça de vinho tinto tem efeitos equivalentes no corpo ao que se obtém em uma hora de academia, devido as altas quantidades resveratrol na bebida. Ainda segundo o estudo haveria o aumento da força muscular. Pronto, já estou até ouvindo um grupo de amigos meus celebrando e dizendo “tá vendo é só tomar umas duas taças por dia que vou ficar em forma, tão forte quanto o Stallone”.

Para o azar desses meus amigos o estudo aponta que estes resultados do resveratrol podem simular um exercício ou potencializar os benefícios de alguma atividade para pessoas com restrição física. Ou seja, nada substitui o bom treinamento, pois treinar bem significa fazer seu corpo mais saudável e eficiente para poder aproveitar a vida.

Sendo assim, um brinde aos meus amigos com uma bela taça de vinho e bons treinos. Afinal a vida é para ser vivida na sua plenitude, não é?

 

(Luciano Lunkes é “diretor de enologia” na ATP)